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Turismo Selvagem - uma mulher traída, uma vingança fora de controle

  • Foto do escritor: Janaina Pereira
    Janaina Pereira
  • 24 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Uma relação quebrada entre mãe e filha podem desencadear eventos inimagináveis, foi apenas pensando nisso que fiquei quando terminei Turismo Selvagem. Liv (Jenna Coleman) é uma personagem com muitas camadas que vamos desvendando ao longo da trama, mas na minha opinião o que a forjou na essência foi a relação conturbada que ela tem com a mãe, e isso de certa forma a encorajou a se apegar a primeira pessoa que disse que a amava pelo que ela era, e que de certa forma poderia libertá-la da vida que tinha, que foi o Will (Oliver Jackson-Cohen), um homem que infelizmente carrega todos os estereótipos de macho escroto no sentido mais amplo da palavra.


A trama circunda Liv e Will, um casal que está casado há 1 ano, e que se mudaram para Nova York porque Will teve uma ótima oportunidade de trabalho, já Liv é jornalista de formação, mas deu uma pausa na sua carreira para estar ali junto com o marido. Numa noite Liv pega o celular de Will e descobre que ele a traiu, e temos aquelas cenas clichês da mulher quebrando tudo, e o homem mega arrependido, e jurando que foi apenas uma vez, e para ajudar na reconciliação ele a convida para uma viagem que os dois queriam muito, pelos parques nacionais do Estados Unidos.


Fica bem evidente que Liv ainda está muito ferida pela traição de Will, mas ela aceita fazer essa viagem, entretanto quando está fechando alguns passeios ela precisa usar o computador do marido e descobre que na verdade ele tem um caso com uma colega de trabalho, há um vídeo íntimo dos dois, e ele dizendo que pretende se separar de Liv para ficar com Cara (Ashley Benson).


Cara (Ashley Benson) e Garth (Eric Balfour)

E quando a viagem começa toda a trama toma proporções mais drásticas, Liv e Will acabam encontrando Cara e seu namorado Garth (Eric Balfour), e por uma série de circunstâncias os casais acabam passando muito tempo junto, e isso irá desencadear atitudes dramáticas, violentas, e que irão definir o futuro de Will e Liv para sempre.


Não quero falar muito do desenrolar da história, porque realmente acho que o ideal é você ser surpreendido com o desenrolar das coisas, e o que me agradou muito na série é que não é apenas um relacionamento amoroso tóxico, Liv e Will foram criados dentro de muitos relacionamentos conturbados, e extremamente aprisionantes. O principal de Liv é com sua mãe Caryl (Claire Rushbrook), vamos descobrir que ela culpou Liv pelo fim de seu casamento, já que foi a filha que contou para a mãe que o pai a estava traindo, e isso está ligado ao fato de como Liv foi ferida quando descobre que o Will teve a mesma atitude que seu pai no passado.



Will (Oliver Jackson-Cohen)

Já Will verbaliza em muitos momentos que tomou algumas decisões para agradar seus pais, e que mesmo não querendo fazer ele estava atrás de uma aprovação que sabemos que não é válida, ao anular seus desejos, vontades, ficamos aprisionados numa vida infeliz e cheia de mágoa. Portanto Will e Liv são genuinamente parecidos em estar, manter, e até procurar relações destrutivas, e foi isso que me pegou assistindo Turismo Selvagem, como as vezes tomamos atitudes irreversíveis, mas que tem um fundo em algo traumatizante no nosso passado.



Liv (Jenna Coleman)

Já adianto que o clima do primeiro episódio usa de um humor meio ridículo, que pode desencorajar você a continuar assistindo a série, pois realmente parece que os rumos que a trama irá tomar são bem questionáveis, entretanto acho que depois do segundo episódio, temos uma crescente de tensão interessante, e você vai assistindo quase em sequência os episódios. E mesmo quando você já consegue vislumbrar o que a narrativa trará, temos boas reviravoltas, e atuações catárticas, destaco Jenna Coleman, sua personagem vai da doçura, raiva, vingança, culpa de uma forma muito intensa e verdadeira.


O desfecho da história deixa margem para algumas dúvidas, mas mesmo você não concordando, é extremamente plausível aquelas atitudes oriundas dessas pessoas tão problemáticas. Turismo Selvagem não é uma série imperdível, mas é uma narrativa bem construída, e original em muitos momentos, e para mim o quesito de entendermos como traumas realmente determinam escolhas futuras é o melhor, Liv e Will poderiam ser diferentes, mas eles já não conseguem desvincular tudo aquilo que absorveram durante anos, e não estou passando pano para os erros dos dois, mas o final escolhido vem com um amargor natural por tudo que vimos, essas pessoas são traumáticas demais para termos algum clichê de redenção.



Nota: Surpreendentemente muito bom!

Onde Assistir: Prime Video


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