Silo - Uma excelente história, mas que exige certa resiliência do leitor
- Janaina Pereira
- 20 de set. de 2023
- 3 min de leitura
Não é surpresa para ninguém o quanto adorei a série Silo, que está na Apple TV+, e desde o início eu sabia que a obra é baseada num livro, e assim que terminei de assistir, eu fui atrás de ler Silo (é uma trilogia: Silo, Ordem e Legado), do Hugh Howey. Num futuro não determinado, mas arrasado para a humanidade, a única forma de sobrevivência é viver dentro de um gigantesco silo subterrâneo, lá dentro há regras bem definidas sobre tudo e todos, e quem descumpre algo, ou simplesmente pede para sair, e é punido com a limpeza - que é sair do silo, e se possível limpar a única janela que ainda mostra como é o “lá fora”, mas que fatalmente isso é a condenação de morte, já que ninguém sobrevive fora do Silo.

Começamos o livro conhecendo o xerife Holston, que num dia faz o fatídico pedido para sair do Silo, e isso ocorre depois que sua esposa Allison fez o mesmo pedido depois de um surto, ela alegava que tudo que viviam ali era uma farsa. Logo após a morte de Holston, a prefeita Jahns e o delegado Marnes precisam escolher um novo xerife, e dentre os 3 candidatos há a indicação de Juliette uma moça que trabalha nos níveis inferiores na mecânica (o silo tem 140 andares, e há os níveis superiores, intermediários e inferiores), sua indicação foi feita tanto por Holston e Marnes que a conheceram investigando uma morte na mecânica, e viram que ela é extremamente astuta e observadora.
E mesmo com muitas ressalvas vindo de Bernard que é o chefe da TI, e uma das pessoas mais influentes do Silo, Juliette acaba sendo a escolhida para ser a nova xerife, mas a partir deste momento tudo irá mudar dentro do Silo, já que Juliette aparentemente é a única que começa a questionar a forma que eles vivem, e mexer em segredos tão bem guardados pode ser fatal. Silo é um livro extremamente instigante, bem escrito, mas Hugh possui na minha opinião um exagero em descrever coisas, lugares, pessoas, sentimentos, e isso causa um certo cansaço no leitor, e isso no meu caso ficou pior porque como tinha assistido a série primeiro, eu queria que o livro me entregasse as respostas mais rápidas.
Entretanto o livro é uma imersão profunda no que é o Silo, suas regras, e seus personagens principais, e qual foi a minha grande surpresa em descobrir que o final da série é exatamente nos 40% do livro ahhhhh (li via ebook), eu fiquei um tempo processando que ainda tinha muita história no livro que tinha na série. Depois de 60% do livro fica quase impossível largar a leitura, você quer mais, ver se as coisas serão desvendadas, é surpreendido positivamente em alguns momentos, mas já adianto que sai da leitura com mais perguntas do que respostas, e é nesse ponto que acho que Hugh foi genial, ele do início ao fim do primeiro livro se propõe a esmiuçar esse lugar e pessoas, e não se perde em relação a isso, acho que essa certeza em manter a história com mais perguntas do que respostas vem do fato de ser uma trilogia, Hugh sabe que poderá destrinchar os grandes mistérios nos demais livros.
O futuro distópico criado em Silo é muito interessante, e te faz criar inúmeras teorias sobre de fato que o aconteceu com a humanidade para que o único lugar possível para vida seja literalmente no subterrâneo. Para quem gosta de ficção com distopias aqui há um prato cheio, e mesmo exigindo certa resiliência do leitor, o livro se faz maior no resultado, e já adianto que seu final é extremamente simples, mas mesmo assim a vontade é sair lendo Ordem em seguida, principalmente por um epílogo revelador que lemos, isso cria a sensação no leitor de ser desafiado a desvendar todos esses mistérios, assim como a própria Juliette se sente durante grande parte da história.
Nota: Muito bom, mas pode ser moroso em alguns momentos
Editora: Intrínseca
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