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Paraíso - filme que parece que chegou apenas no Purgatório

  • Foto do escritor: Janaina Pereira
    Janaina Pereira
  • 9 de ago. de 2023
  • 3 min de leitura

Paraíso é um filme alemão que estreou tem poucos dias na Netflix, o enredo traz uma distopia que é a venda e compra de tempo de vida, e logo no princípio já notamos os debates sociais que esse negócio reverbera. Max (Kostja Ullman) é um negociador de pessoas em potenciais que podem vender tempo de vida para outras, porque essa tecnologia desenvolvida pela empresa AEON trabalha com a compatibilidade de DNA para que essa transferência de tempo ocorra.


Ele é determinado, engajado, persuasivo, foca em mostrar para os doadores que o retorno financeiro compensa tudo. Na primeira cena vemos Max negociando 15 anos de um jovem indiano, humilde, e que sonha com uma vida melhor, e é usando essas vulnerabilidades que ele consegue convencer as pessoas, e nesta cena eu já tive o primeiro incômodo com esse personagem. Max é casado com Elena (Marlene Tanczik), eles estão felizes principalmente pela ascensão que Max tem na empresa, e já fazem planos para o futuro. Entretanto quando eles perdem tudo num incêndio no apartamento, e o seguro não vai cobrir as despesas, eles se veem perdidos em como irão pagar as dívidas, e é neste ponto que Max descobre que Elena deu como garantia tempo de vida para AEON já que tinha uma compatibilidade disponível.



Neste momento a trama vai focar em como Max fica desnorteado ao perceber que a esposa terá que dar 38 anos, e ao sentir na própria pele o quão devastador isso pode ser, ele irá questionar a empresa em que trabalha, a forma como eles usam a tecnologia, e de certa forma, irá enxergar de forma real como essa ideia privilegia apenas pouquíssimos milionários, e pode destruir os mais vulneráveis. A base da história é bem interessante, e nos primeiros 40 minutos você fica preso nessa narrativa, será que Max vai reverter o tempo de Elena? Será que eles podem continuar juntos, mesmo com ela mais velha? Quais são os segredos da AEON?


Só que quando Max inicia um plano para tentar reverter os anos tirados de Elena, as coisas degringolam de um jeito até cômico, ver esse protagonista que não temos qualquer empatia agora todo preocupado com a ética, a vida, é minimamente hilário, já que lá no início ele só queria ser o funcionário do ano, ter seu dinheiro e pronto, há um diálogo que ele diz ser “apenas uma engrenagem do capitalismo”, mas agora vai tentar bancar um herói tosco, despreparado, inconsequente, e claro, continua egoísta, ele só quer resolver o problema que o afeta, porque mesmo quando vemos as atrocidades que a AEON faz, Max só quer os anos de sua esposa de volta.


A pauta social tratada no filme é importante, mas infelizmente o desenrolar da narrativa apaga isso, a sensação que tive é que nos últimos 40 minutos tudo é muito corrido, as coisas começam a se explicar, mas sem ser convincente. Elena ainda tem umas cenas bem interessantes, e decisões boas, mas é apenas isso, a AEON tem alguns segredos desvendados, mas sem muita explicação, outros personagens ficam apenas no raso mesmo, e Max para mim tem um final mais questionável do filme, e tudo foi feito para termos uma continuidade, mas se isso ocorrer irei assistir com a expectativa bem baixa, porque aqui eles tinham tudo para trabalhar o enredo de outra forma, mas se perderam no caminho, e passaram longe, longe de qualquer Paraíso.



Nota: Regular, mas dá para chegar ao final

Onde Assistir: Netflix

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