Monstros: Irmãos Menendez, te prende pelas atuações, mas é maçante
- Janaina Pereira
- 17 de out. de 2024
- 3 min de leitura

O burburinho causado pela nova série do Ryan Murphy se deve a mais uma vez ele trazer uma história de crime real a cena, eu particularmente não conhecia a história dos irmãos Menendez, mas até o sexto episódio eu estava totalmente atenta a tudo que estava assistindo, o problema é o depois disso.

Para quem ainda não sabe em 1989 os irmãos Eric e Lye Menendez, aqui interpretados pelos incríveis Cooper Koch e Nicholas Chavez matam os pais, Jose (Javier Bardem) e Kitty (Chloë Sevigny) com uma violência brutal, saem para terem um álibi, e quando retornam ligam para a polícia desolados falando que encontraram os pais mortos. Tudo vem à tona, depois que fitas do psiquiatra dos irmãos chegam as autoridades, eles são presos, e a defesa deles é baseada que Eric e Lye foram abusados sexualmente pelo pai desde muito cedo, e que a mãe mesmo sabendo do que acontecia não fez absolutamente nada.

Javier e Chloë estão com uma interpretação surreal, e particularmente Javier eleva a narrativa, são cenas grandiosas, ficamos enojados ao pensarmos que alguém possa ter cometidos crimes tão horripilantes aos próprios filhos. A série vai abordar também mais alguns personagens como Dominick Dunne (Nathan Lane), jornalista da Vanity Fair que acompanhou o caso Menendez, e que estava pessoalmente engajado num senso urgente de justiça, já que teve sua filha assassinada brutalmente, mas o agressor não teve a pena esperada. A narrativa também vai mostrar as advogadas dos irmãos, com o foco em Leslie (Ari Graynor), que defende o Eric, e é impressionante como ela está muito bem caracterizada, e é uma crescente nas cenas marcantes, e que te deixa preso na narrativa.
Entretanto como também vi Dahmer, fatalmente eu fiz a comparação, e achei que essa série é mais cansativa, são 9 episódios ao todo, mas ao chegar no 7° tudo parece mais do mesmo, e como em Dahmer o viés de Ryan estava em mostrar a história das vítimas, aqui ele optou por contar os dois lados, então num primeiro momento é muito certo que os irmãos sofreram abusos cruéis e devastadores, e como num ápice de salvação cometeram esse crime. Só que depois há muitos momentos em que os irmãos deixam abertas portas para a dúvida, e é nesse momento que a promotoria aproveita para montar outra narrativa, em que eles mataram os pais apenas por dinheiro.

E tanto essa dualidade, como os momentos em outros personagens, como no caso de Dominick eu achei que tudo ficou mais arrastado, os momentos entre os dois julgamentos dos irmãos, eu estava assistindo quase por obrigação, talvez se fosse menos episódios poderia ter funcionado melhor, e depois do 5° episodio que é um plano sequência espetacular, eu esperava mais dos demais. Ryan acertou muito no elenco, Nicholas e Cooper entregam atuações gigantescas em muitos momentos, inclusive acredito que Cooper ganhe alguma indicação por sua atuação no 5° episódio que é de tirar o fôlego, Ari como a advogada de Eric vai crescendo nos episódios, e com isso temos cenas excelentes dela, Javier e Chloë conseguiram uma sincronia formidável a fotografia, caracterização, ambientação, e uma trilha sonora impecável, e que trouxe para os mais novos Milli Vanilli, uma dupla que fez muito sucesso no final dos anos 80, e que tiveram até que devolver um Grammy porque não eram eles que cantavam.
Desde que a série foi lançada os irmãos já se posicionaram contra a narrativa, mas é inegável que todo esse clamor trouxe mais uma onda de visibilidade para esse crime, se isso irá acarretar um novo julgamento, ou a mudança da pena dos Lye e Eric (eles estão condenados a prisão perpétua), não sabemos, mas os Menendez estão em alta novamente.
Nota: Boa, mas cansa depois da metade
Onde Assistir: Netflix
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