Heartstopper - 2° temporada é a dose de leveza para a vida
- Janaina Pereira
- 16 de ago. de 2023
- 3 min de leitura

Felizmente temos Hearstopper no catálogo da Netflix, e a mente genial de Alice Oseman que criou essa história que vai além de uma narrativa de amor LGBTQIAP+, juventude e descobertas. Hearstopper confirmou nessa nova temporada que ela é a série que traz leveza, mesmo quando os assuntos já são mais problemáticos, incômodos necessários, aprendizados, mas mesmo com uma carga mais dramática e emocional nessa 2° temporada, ela não caiu no convencional, ou até mesmo usual dramático, ela manteve-se na sua essência feliz, e demonstrando que mesmo diante dos problemas a vida pode e deveria ser vista com mais carinho e leveza.
Nesta nova temporada Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) já estão juntos há alguns meses, mas Nick está passando pela dificuldade de assumir a bissexualidade e de que namora com Charlie para as pessoas. O primeiro episódio você assiste com sorriso no rosto sem fim, é tão lindo ver esses dois juntos, é a personificação do primeiro amor, das descobertas de sensações, vivências, você apenas quer viver esse sentimento e nada mais tem tanta relevância. Entretanto no caso dos meninos a dificuldade de Nick de falar para seus amigos, sua família, começa a também afetar Charlie, e juntamente com esse movimento temos Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney) descobrindo o que sentem um pelo outro de forma cômica, amorosa e extremamente respeitosa. Isaac (Tobie Donovan) que sempre foi um personagem mais reservado, nesta temporada começamos a conhecê-lo, e principalmente entendendo suas dúvidas.

Imogen (Rhea Norwood) amiga de Nick também tem um maior desenvolvimento nesta temporada, temos cenas de puro acolhimento entre eles. Tara (Corinna Brown) e Darcy (Kizzy Edgell) o casal que sempre demonstrou certeza sobre o que queriam, sentiam, nesta temporada acessamos mais camadas de suas vidas, e as peças começam a se encaixar sobre algumas decisões, entretanto o relacionamento delas ainda é admirado por todos, e acredito que seja uma base importante para as descobertas que esses jovens estão vivendo.
Estou extremamente encantada com o professor Farouk (Nima Taleghani), nas primeiras cenas que ele aparece eu achei que ele interpretaria apenas o professor mega rígido, mas com um ar cômico latente pelo seu jeito, mas eu não estava pronta para o desenvolvimento que acontece durante a série, o meu primeiro momento de choro compulsivo foi num diálogo dele com o professor Ajayi (Fisayo Akinade), é uma frase até curta, mas sabemos que ali há tanto, é a beleza no singelo.
A Olivia Colman como Sarah, mãe do Nick é um deslumbre de interpretação, acolhimento, amor, ela aparece pouco, mas quando o faz sempre distribui coisas boas para os que a cercam. A viagem de todos a Paris traz um romantismo extra para alguns episódios, a cidade luz fica mais encantadora com essas pessoas se descobrindo junto com as maravilhas da cidade. Neste momento da trama muitas coisas acontecem, e temos como paisagem a Torre Eiffle, Museu do Louvre, Montmartre são um colírio para quem assiste.

Heartstopper escancara o melhor do mundo e das pessoas, sem esconder que em muitos momentos todos nós iremos viver situações difíceis, iremos sofrer, ter medo, não saber como reagir sobre nós, ou o outro, mas que tudo isso pode coexistir com uma vida leve, feliz, compartilhada com quem amamos, com uma rede de apoio que as vezes aparece de onde menos esperamos. Te faz lembrar que sentimentos podem ser vividos com calma, estamos sempre assistindo representações de que a paixão deve ser arrebatadora, intensa em todos os sentidos, mas aqui todos os amores são reproduzidos com um respeito pelo outro que não vemos muito, por exemplo, Charlie e Nick estão no auge do sentimento, mas ainda não sabem se a relação se estão prontos para mais intimidades, e quando isso é verbalizado não temos a construção de um problema, é respeitado as decisões, escolhas, duvidas, e a reafirmação de aproveitarmos o que temos hoje.
Outro ponto que mexeu comigo foi o retrato de que alguns traumas não passam quando a situação melhora, muitas vezes essas angústias ficam conosco por tempo indeterminado, e por mais que estejamos bem, essas dores transbordam para além das nossas vontades. Heartstopper é aquele tipo de série que deve ser vista por todos, ela consegue a proeza de mostrar a vida como é, mas deixa sempre em evidência que podemos ser melhores, mais felizes, conscientes, respeitosos, acolhedores com as nossas dores e as de quem nos cerca, e tudo isso regado a bons amigos, boa música e muito amor.

Nota: Excelente, necessária e sempre emocionante
Onde Assistir: Netflix
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