Anora - parece um clichê romântico, mas ninguém está preparado para as nuances
- Janaina Pereira
- 12 de fev.
- 2 min de leitura

Anora, pode ser considerado facilmente uma comédia romântica até sua metade, depois fica mais dramático, mas o humor e mantido, e quando chega sua cena absurdamente triste do final, você entende que o filme tratou de muito mais coisa, mas foi sutil, encantador e te derrubou como os melhores filmes fazem. Anora/Ani (Mikey Madison) – é uma jovem stripper que trabalha numa boate, e pelo que vemos da forma como ela está no trabalho, ela tem uma esperteza interessante, sempre com foco em estar disponível, falar e fazer o que os clientes querem, porque tudo isso reverte num dinheiro maior. Por falar russo um dia ela é chamada para atender o jovem milionário Ivan (Mark Eydelshteyn), e eles se gostam ali, e ele a convida para ir até sua casa, e ao chegar lá Anora entende que Ivan tem de muito, muito dinheiro, e que parece genuinamente interessado nela.
Ele a convida para ficar com ele uma semana direto, e neste ponto da trama eu lembrei muito de Uma Linda Mulher, mas aqui é um estar junto mais juvenil, muitas festas, bebidas, viagens, e conforme o tempo ia passando eu fui de fato torcendo para Anora entrar no clichê deles se apaixonarem. Entretanto a família de Ivan está disposta a ir contra esse relacionamento deles, e além de ter muito dinheiro, a influência que eles têm é gigantesca, e isso começa a criar problemas para eles. Eu estava acreditando que Ivan iria ser mais inciso quando sua família se opusesse a Anora, mas ele não apenas tem a cara de filhinho de papai imbecil, como alguns comportamentos dele validam isso.

No meio do filme algumas cenas chegam a ser bem estilo pastelão, você ri involuntariamente, mas eu comecei a ver as sutilezas que Sean Barker (diretor e roteirista) estava nos contando, as cores em cena, os locais, a própria postura de Anora percebendo algumas situações tudo estava diferente, e é justamente nesta parte que vem sua confusão como espectadora. O filme tem 2 horas e 20 e estava percebendo que estava terminando, mas parecia que nada estava acontecendo, você começa a especular que eles irão fazer outro ponto bem clichê, mas a coisa não anda.
Na última cena é o transbordamento de tudo, de uma vez mesmo, ali vemos a Ani, não a Anora e entendemos que quando uma pessoa não tem qualquer vínculo de afeto, a primeira migalha que lhe é oferecida ela pega como se fosse a última chance, é um momento catártico. E a cena não se estende, é isso, é triste demais, mas Anora é um filme que vale ser assistido pela sutileza com que vai criando seus personagens cheios de complexidade, mas que como qualquer pessoa em algum momento só precisa ser vista, acolhida, respeitada.
Nota: Incrivelmente interessante.
Onde Assistir: Nos Cinemas
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